07 abril 2008


“Suponhamos um belo pedaço de paisagem, verdejante, avermelhado, com cambiantes coloridos, com as cores esbatidas em pó, tudo de uma forma natural; em que as coisas com a diversidade colorida que lhe advém da constituição molecular, alteradas constantemente pela deslocação da sombra e da luz, e agitadas pelo trabalho interior do calórico, se encontram em perpétua vibração, que faz tremer as linhas e completa a lei do movimento eterno e universal. O mar, essa imensidão, umas vezes azul, outras verde, estende-se até os confins do céu. As árvores são verdes, a erva é verde, os musgos são verde; o verde ondula nos troncos, é a cor dos caules novos; o verde é profundidade natural, porque se liga facilmente com todos os outros tons. O que me chama a atenção é que, por todo o lado o vermelho enaltece o valor do verde; o preto, zero solitário e insignificante, solicita a ajuda do azul ou do vermelho. O azul resume em si todas as cores, essa grande sinfonia diurna, com eternas pequenas variações diárias; esta sucessão de melodias, em que a variação é sempre resultado da infinidade, a este hino complexo, chama-se a cor.”


(Charles Baudelaire)

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