O "Contar Histórias" (Parte 5)

23 julho 2015



Foi na era medieval que os contos começaram a encontrar seus mais fiéis espectadores até hoje: as crianças. Porém, na sociedade medieval, a infância não acontecia como a conhecemos hoje. Os adultos davam menor importância as crianças e sua fragilidade.


Segundo Ariès (1981):

A passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade. (...) Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois uma outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair de uma espécie de anonimato (ARIÈS, 1981, p. 10).

        
No século XII, surge o amor cortês, de matéria bretã. Ainda na Idade Média, muitas das histórias que pertenceram ao universo adulto foram devidamente editadas para que se ensinasse a moral às crianças herdeiras de tronos e aristocratas.

A Idade Média foi marcada, segundo Eco (2007), por contradições em que as manifestações públicas de piedade e rigidez acompanhavam o pecado. A imagem do feio entrelaçado com o mau aparece nos contos e histórias. Nesta época acreditavam que depois do sofrimento viria a glória eterna.

Este pensamento era percebido com facilidade nos contos da época, como o do Pequeno Polegar. No conto, a família do Pequeno Polegar acreditava que abandonando os filhos, não precisariam matá-los, e nem os mesmos morreriam de fome. As imagens e ilustrações dos contos desta época representavam esta crueldade.

Gustave Doré, que viveu entre 1832 e 1883, não vivenciou esta época. Mesmo assim, mostrou em seus desenhos e ilustrações para os mais variados livros, um pouco desta crueldade. O livro infantil com os contos de Perrault é um dos mais conhecidos ilustrados por ele.

No fim da Idade Média, quando se expandiam os romances bretões e as narrativas orientais pelas diferentes regiões europeias, começam a circular novas narrativas. São esses novos textos de origem popular que divulgam a criação novelesca, que viria a se tornar a grande moda dos tempos modernos, a partir do Renascimento no século XVI.

Quando chegaram ao final do século XVII, essas narrativas maravilhosas já começavam a decair. Parte delas transformou-se em narrativas populares folclóricas, outra parte foi desaparecendo nos romances de aventuras heróico-amorosas.
No século XIX as narrativas continuam mudando. Segundo Khéde (1986):

Na segunda metade do século XIX, os meninos passam a ser heróis e com isso a ação aproxima-se do leitor mirim tanto pela ótica que deve focalizar a problemática da infância, como pelo fato de as narrativas serem historicamente mais identificáveis.
A criança ao se ver simbolizada no mundo ficcional, pode estabelecer o confronto entre a sua vivência (a partir do herói) e a vivência dos adultos, situação que revoluciona a concepção do genêro (KHÉDE, 1986, p.40).

        
A partir do século XIX as crianças começam a se identificar com as histórias. Deste modo eles se imaginam no papel do herói, vivenciando a história. Neste momento o herói passa a ter o papel de influenciador no comportamento das crianças. Os elementos mágicos além de seduzirem o leitor, começam a incentivar a criança a desenvolver a imaginação.

Todos esses contos orais que percorreram gerações começam a ser copilados por escritores que se interessavam por essas histórias. Esses contos copilados foram transformados em textos escritos, para que principalmente, não se perdessem na memória das pessoas ao longo dos tempos.



* Esse é um post com partes da minha monografia (trabalho de conclusão de curso) sobre contos de fadas. Para ver os outros é só acessar a tag Era uma vez (aqui).

10 comentários

  1. Muito bacana, realmente as histórias era mais para os adultos do que para as crianças, já que muitas morriam cedo nesta época :D

    http://confissoesdeumaaprendiz.blogspot.com.br/

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  2. Tadinhas dessas crianças, as épocas antigas foram difíceis mesmo né? Dá arrepios só de lembrar. Mas depois de ler esse post, me despertou uma curiosidade sobre o mesmo. Mesmo não sendo criança, tenho direito né? ehuehu Beijos Moni!
    xoxo'

    Adolescência Nerd

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  3. Amo sua monografia, como aprendo!! Já estava ansiosa pela continuação e agora fiquei mais ansiosa ainda pela próxima parte, rs Bjs

    http://www.mayaravieira.com.br/

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  4. Uau...muito interessante o texto. Sabia que na idade média as crianças não eram tratadas como as crianças de hoje mas não sabia o porque

    Beijos e até mais,
    Jayane Fereguetti
    https://avidaodesignetudomais.wordpress.com

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  5. Legal você trazer partes do seu tcc para ler.
    Gosto muito!

    http://www.jj-jovemjornalista.com/

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  6. Caramba, muito interessante viu. Depois que a gente cresce a gente aprende as historias reais detrás desses contos de fadas, o quanto eles foram muito mais que historias bonitinhas e que todos eles possuem uma moral e um ensinamento. Beijos.

    http://www.primeiras-impressoes.com/

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  7. Já falei que AMO essas suas postagens?? Amo demais.
    Achei super interessante, há muita coisa por trás dos contos de fadas.
    Beijos
    http://masenstale.blogspot.com.br/

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  8. Fofa, desculpa a demora para responder seu comentário, mas sobre a pergunta sobre a viagem para a Disney.
    Faz tempo que eu fiz, mas meu namorado fez essa semana. ELes atendem até com 40 minutos com antecedência, ou seja, se está marcado as 10, cchegue as 9:20 que já vai poder entrar. O meu namorado disse que a maioria das pessoas demoravam menos de uma hora, só que como ele esqueceu de levar o visto anterior dele, ele implicou e teve que ficar um tempão esperado.
    Leve TUDO certinho, que não vai ter problema, e em menos de uma hora você vai sair de lá.

    Caraca foi você que escreveu? Ficou muitooo bom, parabeeens fofa

    Beijos, Love is Colorful

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  9. Mais um post super bem escrito e explicando coisas muito interessantes, gostei mt <3

    Beijos
    needfulglam.blogspot.com

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Espero que tenha gostado da postagem. Também vou adorar ler sua opinião.
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