Tive uma conversa semana passada, com uma pessoa conhecida, porém distante. Falei do meu curso de italiano e da ideia, de quem sabe, ir morar lá um tempo. A pessoa, em um comentário de "alerta", quis me dizer que "morar na Europa não é a mesma coisa que ser turista". Quis falar que não é tão fácil. Mas isso me deixou pensativa por muitos dias, isso porque faz alguns anos que não sou mais turista (ou nunca fui).
Turista é aquela pessoa que quer viajar para fugir da rotina, que quer visitar pontos turísticos, comer em restaurantes locais (porém muitas vezes caros) e depois voltar para casa e mergulhar no trabalho e na rotina novamente. O primeiro ponto aqui bem relevante em minhas viagens é que eu nunca viajo para "fugir" do meu trabalho ou minha rotina. Até porque o meu trabalho sempre vai junto comigo. Eu trabalho online, home office, então, posso estar em qualquer local do mundo trabalhando, é só eu estar com meu computador.
O viajante, gosta de mergulhar na cultura, nas pessoas do local. Uma coisa que amo de mais fazer. Não está viajando para ficar em um hotel descansando. Vai curtir novas experiências. Geralmente compra em mercados para não gastar em restaurantes. Os hostels ajudam nisso. Eu adoro. Sempre conheço pessoas novas e divertidas. Algumas que estão por lá pela primeira vez, outras que já viajam a um montão de tempo.
Mas é claro que a melhor experiência é ficar na casa de um morador. Já tive algumas experiências. No RJ, fiquei 20 dias na casa de uma menina que acabou virando uma amiga. Mergulhei na rotina dela. A família fazia doces para vender na feira que acontecia na cidade e em cidades vizinhas. Participei da produção dos doces e também fui lá na feira vender. Confesso que eu falava duas palavras e eles já sabiam que eu não era de lá. Me diverti de mais!
Na Bahia foi parecido. Apesar de eu não ter participado do dia a dia (trabalho) do meu amigo onde fiquei hospedada. Convivi muito com os moradores locais, principalmente os avós dele, que moravam na mesma casa. Ahhh... ele é meu amigo de internet, nunca tínhamos nos visto pessoalmente, mesmo assim ele me recebeu muito feliz.
É curioso como as conversas expandem e emocionam. Eu adoro colecionar conversas. Também pude ter essa vivência em uma comunidade, e não fiquei hospedada no centro (onde os turistas ficam). Isso ajuda a conhecer também as dificuldades dos locais. Faz crescer nossa empatia com o próximo. E isso nos expande de forma possitiva como pessoas em sociedade também.
Dia de feira no RJ, ajudando com as embalagens dos doces |
No Recife, fiquei na casa de uma mulher muito simpática. Esta eu não conhecia, fui a trabalho, mas ela me recebeu de braços abertos em sua humilde casa, onde na frente passa uma rua de chão batido, mas dentro, muita alegria prospera, e uma linda árvore florida enfeita a entrada para o local. Com ela eu aprendi um pouco mais do nordeste, dos moradores, dos costumes e porque não, das dificuldades também. Pude também ver o quanto as pessoas são felizes e cheias de alegria. E as conversas, acabam virando horas sem perceber.
Eu já dormi no chão de um apartamento, sem colchão nem nada, porque a família estava se mudando e não tinha móveis ainda. Eu comi na casa de senhorzinhos que me faziam as comidas locais só para ver se eu gostava. Já dormi 8 dias em um ônibus, e tomei banho em paradouros na estrada, ou pedindo chuveiro emprestado em casas, em uma viagem sem hotéis. Sem contar as noites dormindo em aeroporto para economizar em hospedagem. Eu já dormi perto de tantos estranhos que se tornaram amigos. Eu amo as conexões e amo as vivencias culturais. Não sou uma pessoa com frescura pra nada.
E posso dizer com toda certeza que não me mudo hoje, não pelo fato de não saber em que trabalhar. Se tivesse que vender em uma feira, entregar pão, ou qualquer coisa assim, para mim, é até incrível. O medo do dinheiro ou do trabalho nunca me travou. Sou daquelas que "dá-se um jeito". O que me trava ainda é a língua. Chegar lá e não conseguir me comunicar, para mim é a pior coisa. Não conseguir entender as pessoas, e suas histórias que tanto amo.
Mas claro, isso está ao meu alcance de mudar. Por isso estou fazendo curso de italiano. E preciso voltar para o inglês também. E sobre as coisas que tenho em caixas. Vão sumindo aos poucos. Quando eu for, não quero que nada me impeça. O desapego é importante. O bom é que eu sou boa nisso. Mas esse assunto, pode ser pauta para outro post. E você, se sente mais turista ou viajante hoje em dia?
Definitivamente sou mais turista. Apesar de levar sempre meu trabalho comigo, escritora nunca para de trabalhar. Até dormindo estou escrevendo. Eu até gosto de conhecer o local, as pessoas em seus afazeres no dia a dia, mas tem uma hora que minha bateria social acaba e eu preciso de um hotel para me isolar do mundo e me recarregar. Talvez um dia eu me torne viajante, mas por enquanto, para meu próprio bem e dos outros, sigo sendo turista.
ResponderExcluirAdorei sua reflexão!
Abraço!
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com
Oi! Turista, mas admiro muito os viajantes, acho que precisa ter coragem para se aventurar assim. Eu adorei esta reflexão e saber mais sobre suas experiências viajando. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Que história incrível! Que experiências você não deve ter vivido. Definitivamente sou uma turista perto de você! Dá vontade de voltar no tempo e explorar mais, se aventurar mais!
ResponderExcluirTurista, com certeza. Prezo muito pelo meu cantinho hahaha. Amo viajar, mas sou um gato domestico, meu lar é meu paraíso.
ResponderExcluirAmei o post, beijinhos
lendocomrenata.com
Oi, Monique!
ResponderExcluirVocê levantou uma reflexão muito interessante. Mas acho que sou turista hahaha Eu amo conhecer novos lugares e ter essas experiências diferentes, mas realmente amo voltar para a minha casa e, se estiver viajando por muito tempo, mais legal que seja o lugar, logo sentirei falta do meu lar e minha rotina.
Os Delírios Literários de Lex