Na transição do século XIX para o XX, quando a literatura infantil estava repleta de lições morais e mensagens didáticas, L. Frank Baum decidiu criar algo inovador. Ele queria contar uma história envolvente, livre do peso das convenções da época. Assim nasceu O Maravilhoso Mágico de Oz, uma obra que se tornou um marco na cultura literária americana.
A inspiração para os personagens de Baum veio de muitas fontes: lugares que ele visitou, pessoas que conheceu e até sua vida pessoal. Dorothy, por exemplo, recebeu o nome de uma sobrinha falecida de Baum e sua esposa, Maud Gage. Contudo, o verdadeiro modelo para o misterioso Mágico de Oz permaneceu desconhecido por décadas, até ser identificado no audacioso balonista Washington Harrison Donaldson.
Nascido na Filadélfia em 1840, Donaldson era um homem multifacetado. Ginasta, ventríloquo, equilibrista e mágico, ele vivia para encantar e desafiar os limites. Sua façanha mais impressionante foi atravessar o Rio Genesee, em Nova York, caminhando por uma corda bamba de 1.800 pés, suspensa a 200 pés de altura. E, como se isso não fosse ousado o suficiente, ele repetiu a travessia empurrando um homem em um carrinho de mão.
Apesar de não ter qualquer experiência prévia em balonismo, Donaldson mergulhou nesse universo em 1871. Determinado a explorar os céus, ele conseguiu seu primeiro balão de ar quente e começou suas aventuras. Sua estreia foi marcante: percorreu 18 milhas, mas apenas depois de se livrar de quase todos os objetos soltos para conseguir alçar voo.
O espírito aventureiro de Donaldson o levou a novos desafios. Ele construiu um balão chamado Magenta e se destacou em voos bem-sucedidos. Contudo, o destino o colocou em situações de risco. Em uma tentativa audaciosa de cruzar o Oceano Atlântico ao lado de John Wise, considerado o “pai do balonismo americano”, Donaldson se viu sozinho quando Wise abandonou o projeto. Ele partiu com dois companheiros, mas a missão foi trágica: o balão perdeu controle e resultou em uma fatalidade.
Apesar das adversidades, Donaldson continuou a impressionar. Ele foi contratado por P.T. Barnum, famoso por seus espetáculos extravagantes, para realizar apresentações em locais renomados, como o Gilmore’s Garden, hoje conhecido como Madison Square Garden. Nessas ocasiões, Donaldson transportava passageiros e até realizava eventos inusitados, como a celebração de um casamento a bordo de seu balão.
No verão de 1875, Donaldson se preparava para mais uma viagem desafiadora. Ele havia prometido impressionar após uma tentativa anterior considerada decepcionante. "Espere até amanhã", teria dito ele, "e eu irei longe o suficiente por você." Infelizmente, essa promessa se tornou um presságio sombrio.
A bordo do balão PT Barnum, acompanhado apenas pelo repórter Newton S. Grimwood, Donaldson partiu para o que seria sua última jornada. Uma tempestade violenta assolou a região, e ambos desapareceram nos céus do Lago Michigan. O corpo de Grimwood foi encontrado semanas depois, enquanto Donaldson e o balão jamais foram vistos novamente.
Ao buscar inspiração para criar o icônico Mágico de Oz, L. Frank Baum poderia ter escolhido outros balonistas célebres, como John Wise. No entanto, Donaldson, com sua personalidade carismática e espírito aventureiro, parecia a escolha perfeita. Ele era o exemplo do homem comum que, armado com coragem e um toque de genialidade, se transformava em algo extraordinário.
Escrever um livro infantil livre de julgamentos morais significava abraçar a ideia de que heróis podem surgir de falhas e sucessos. Donaldson, com sua determinação destemida e charme inegável, representava exatamente isso.
Washington Harrison Donaldson não era apenas um balonista, mas um símbolo de coragem e inovação. Sua vida inspirou gerações e deixou marcas profundas na cultura popular. Que mago maravilhoso ele foi – não só no balonismo, mas no coração daqueles que se aventuram a sonhar alto e desafiar limites.
Oi! Esta é uma história que conferi na infância e desejo conferir novamente com um olhar adulto. Bjos!!
ResponderExcluirMoonlight Books