Luto: como aceitar a finitude da vida?

13 dezembro 2024


"Hoje alguém ia morrer. Os ventos frios que assobiavam já anteviam que a neve se sujaria de vermelho.” Na era do gelo, em um mundo coberto pela nevasca, onde os ventos fortes não apenas moldam a paisagem, mas simbolizam a passagem inexorável do tempo e o rigor da mortalidade, um velho cavalo contador de histórias, um dente-de-cimitarra ancião, uma matriarca idosa do bando dos mamutes e outros animais estão prestes a embarcar em uma difícil jornada pela finitude da vida. É a partir desse sentimento de perda que o escritor e filósofo Matheus Moori inicia o livro A neve e a flor.

Por meio do estilo literário Animal Fiction, a cada capítulo um bicho protagoniza a estória, ao assumir sentimentos humanos para compartilhar lições sobre dilemas existenciais. Neste lançamento, o autor apresenta uma narrativa filosófica e poética que traz reflexões sobre laços familiares, a dor do luto, a importância de cultivar uma espiritualidade livre e como apreciar o ciclo natural da vida. 

O leitor, ainda, é apresentado a Erin, uma pequena Mamute que precisa dar adeus à avó, mas não consegue se despedir e encarar a angústia da partida – arrependida, ela segue sozinha em uma aventura a fim de encontrar novamente a anciã.

Não raras vezes, a partida é mais difícil para quem fica do que para quem vai. Sabendo disso, a tradição prezava que a despedida acontecesse na chegada do inverno, quando a manada migraria para regiões mais amenas ao sul, e o viajante solitário seguiria para o pé da montanha, ao norte, de onde seguiria o caminho de seus ancestrais. Enquanto seguissem por caminhos distintos, os dois lados viveriam a perda, atravessariam a dor e abraçariam suas próprias experiências para enfim refazer as pazes com a vida e com a morte. (A neve e a flor, p. 12)

Nesta jornada repleta de desafios e medo, Erin terá o destino cruzado com outros animais curiosos, cada qual com as próprias crenças e tradição para lidar com o inevitável fim. Ela aprenderá a aceitar o destino com os corvos que não acreditam em pós-vida, e também passará pelos predadores – adeptos da determinação até o último suspiro. 

Mas, principalmente, vai precisar compreender os costumes do próprio povo, pois, são aqueles que vieram antes dela que a guiarão até a sua avó pelo caminho da finitude, em que a neta não poderá acompanhá-la.

A neve e a flor é mais do que uma história sobre perdas e coragem, Matheus Moori exalta o amor na forma mais pura. Esta obra é uma ode ao resgate das memórias afetivas, das tradições familiares e do sentimento de pertencer a algum lugar. Afinal, o escritor relembra que, mesmo diante da morte, há beleza em cada momento vivido e no legado que é deixado aos que seguem adiante com alegria e esperança.


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